19.10.12

Sublime


O que são aqueles olhos que me hipnotizam?
São aqueles olhos oblíquos que me deslumbram.
Eu continuo sem saber o que são oblíquos.
Só sei que são dissimulados e precipita meu coração.
Esquenta minhas veias.
É como ressaca no mar quando quebra na areia.
Convida-me a cantar, encantar.
Traga meu corpo, me puxa para o fundo.
E eu tentei me agarrar nos seus cabelos, eu tentei.
Segurar-me nos seus beijos, eu tentei.
Mas o mar não tem cabelo, eu lembrei.
Fui parar no fundo do mar dos seus olhos.
Porém, não me importei.
Descobri um verde, esverdear os meus dias.
Eu tentei te agarrar, mas teus olhos são oblíquos.
E eu ainda não sei o que são oblíquos.
A ressaca está muito forte, acho que não vou conseguir voltar.
Por sorte, encontrei uma baleia que me serviu de moradia por algum tempo e por vontade própria. Aqui eu tenho paz e silêncio e nada me incomoda.
É como se eu estivesse apenas dormindo.

3.9.12

Aquela leve transitoriedade das coisas.

Enquanto uma ventania perturba a tranquilidade das árvores que estavam quietas se banhando de sol. Eu rezo para que esse vento assopre para longe o que tanto perturba minha alma. Para as árvores é necessário, assim como para minha vida também, esse vento, que traduz a mudança, o dissipar de pensamentos que atordoam o sossego da alma do homem. Essa tentativa de se externizar e observar o mundo como um espectador, não tem sido o método mais eficiente de contemplar a vida, ficamos muito longe de nós mesmo e dos outros, esquecemos-nos de fazer parte do mundo, de afirmar a vida. Toda essa transitoriedade tem seu valor positivo em alguns momentos. Porém, não vem me afetando de forma benéfica ultimamente, tenho me sentindo um pouco sem porto para me prender. O vento está muito forte, carrega e dissipa muito rápido as emoções. Não estou conseguindo observar e não estou tendo tempo para me manifestar com precisão. Às vezes penso que terei que ser alguma espécie de “Cowboy” do velho oeste, no estilo Clint Eastwood, para ter a velocidade e a precisão na hora certa de sacar a arma para disparar. Toda mudança deveria ser contemplada como natural, como parte do processo transitório da vida. No entanto, o apego, o egoísmo, todas as formas que o nosso ego usa para manipular nossos sentimentos e o nosso desejo, turvam nosso comportamento em relação às mudanças. Ficamos acomodados com algumas situações, gostamos de estar sentido o sentimento do momento. Pensar em perder isso é sofredor demais para o “nosso” ego. Ele fará de tudo para que não perca o que consome seu desejo, evitará a mudança. Contudo, a questão toda é perceber que vivemos sempre em uma batalha com o “nosso” próprio ego. Tudo é uma relação com você mesmo. O que eu quero? O que eu estou fazendo? Por que ou para que isso está acontecendo comigo? O que eu sinto? O que as pessoas sentem em relação a mim? Os meus objetos? Todas essas manifestações são puramente egóicas. O apego, a posse, a inércia, impedem que a mudança aja de forma natural. Prendo-me aos instantes demasiados intensos na minha vida, instantes que fervem todas as veias do meu organismo, que arrepia todos os poros da minha derme. Que trazem aquela leve euforia que acompanha uma sensação de tranquilidade imediata. Mas, tudo isso é fugaz, são quimeras que “a minha vontade de ter o imediato” trazem para satisfazer o meu momento e tornar-me satisfeito em curto prazo. Existe uma névoa que permeia o horizonte da minha percepção ainda. Não sou nenhum asceta, tampouco tenho a pretensão de ser um Buda. De toda forma, medito para estar desperto, acordado para a realidade, para as formas de encarar esse embate interno que nós mesmos críamos. Mas que mal há em querer estar perto das pessoas que nós amamos? Um amigo, certo dia me disse: “Não devemos confundir Precisar com Depender em relação às pessoas que amamos”. Realmente, meu erro é sentir que dependo de algumas pessoas, para ter um sorriso mais sincero no rosto. Não devo me apegar a essa dependência que envenena a alma, contamina o pensamento, aprisiona o que mais temos de maior no mundo, que é o amor, o carinho com o outro. Na verdade, eu preciso somente delas ao meu lado quando elas estiverem dispostas e quando eu estiver disposto a recebê-las. A vida é muito curta para ficar sonhando acordado, inventando alegorias para justificar meus sentimentos, preciso despertar para a realidade, por mais que eu tenha uma compreensão subjetiva dela. É necessário ficar desperto e praticar o desapego. Deixar fluir, viver o presente sem o peso do passado e sem preocupação com futuro. A realidade é o aqui e o agora. Está dada nesse exato momento que abro meus olhos cansados. Estou cansado demais! Preciso sossegar minha mente, preciso focalizar nos meus objetivos, preciso canalizar minhas emoções e transformá-las em consequências positivas, preciso não precisar de mais nada. Descansar!

15.8.12

Um paradoxo sentimental

Enquanto ela ouvia apaixonadamente Muse em seu fone de ouvido.
Ele passeava pelas guitarras melancólicas do Alice in Chains.
De fato, eles são melancólicos.
Ele se aproxima de Alberto Caeiro.
Ela se identifica com Álvaro de Campos.
Seus olhos são oblíquos e ele é um "Badé".
Ele fala "cuxcux". Ela cisma que é "cuzcuz".
O sotaque realmente é algo bem divertido.
Criamos neologismos para facilitar a precária comunicação.
Enquanto ele canaliza sua violência assistindo Quentin Tarantino.
Ela caminha pelos sentimentos de Clint Eastwood.
Gostam também de Woody Allen.
E sentem as vezes a psicodelia de Tim Burton.
Hoje ela lê Augustos dos Anjos.
Ele viaja no mundo de Manoel de Barros.
Ela o chama de comunista. Ele fica irritado.
Ela faz de propósito. Ele sabe!
A Filosofia percorre nas veias dele. A Ciência faz parte da visão de mundo dela.
Conseguiram conciliar essa ideia em momentos memoráveis.
Aquele dia na rede foi inexplicável.
Ela trouxe Richard Dawkins para conversa. Ele apresentou Arthur Schopenhauer.
Casaram algumas ideias. Casaram a felicidade de conciliar pensamentos incríveis.
Um dia ele gostou de Bukowski. Ela acalmou-o com Eça de Queiróz.
Estranho tanto antagonismo. Perceberam que esse é o ingrediente.
Eles não se dão bem, mas, se sentem bem um perto do outro.
Ele demonstra seu carinho apalpando-a.
Ela demonstra puxando seu cabelo e implicando com ele.
Ontem ela gostava de dormir de conchinha. Hoje não sei se gosta mais.
Há contradições em nossas vidas. Aprendemos lhe dar com elas.
Seguimos nossas vidas. Mas, ele ainda sente saudade dela.
Ela ainda sente saudade dele. Ele se expõe. Ela se esconde.
As "Noites Estreladas" de Van Gogh trazem lembranças à ele.
Ela gosta do impressionismo como forma de manifestação artística.
Ele prefere o surrealismo, traz René Magritte como influência.
Contudo, eles uniram o pensamento filosófico-científico.
Uniram todas as oposições e contradições.
Perceberam que os Genes não procuram mais os opostos e sim os semelhantes.
É. Ela é Geneticista e apaixonada por Eugenia. 
Ela acha que ele é um bonobo. Mesmo quando ele age feito um chimpanzé.
Hoje ela ouve no rádio: "blá blá blá eu te amo" e lembra dele.
Ele fica "numa relax, numa tranquila, numa boa" para lembrar-se dela.
São tantas referências que nos perdemos em quem somos.
Na verdade, somos tudo isso, no qual, nos referimos e que faz lembrarmo-nos de nós.
Só para finalizar. Ela acha que é vascaína. Ele é Flamenguista.
Ela gosta de basquete e ele é apaixonado por futebol.
Nossa relação é muito intensa. E uma coisa é verdade, nos conhecemos muito bem!

(Thiago Barros)

1.8.12


"Céu azul. Nuvens rosa. A lua cheia, ainda laranja, surgindo
por detrás das árvores verdes de flores amarelas.
Deslumbro da minha varanda o espetáculo da natureza.
Acompanhado por algumas Norteñas.
E a fumaça para espantar os mosquitos.
Contemplo o empalidecer da lua distanciando-se da terra.
Nuvens brancas. O crepúsculo antecede o escurecer do céu.
Deitado na rede vejo o verde das árvores se despedindo.
Tomando lugar uma cor prateada harmonizada pela lua cheia.
Isso me basta. Sentir a transição das coisas.
Um espectador de uma bela obra de arte.
A Natureza é o que observo diante dos meus olhos.
É o que sinto de mais intenso pulsando dentro de mim.
Não penso nela.
Sinto-a.
Foi o que Alberto Caeiro me ensinou também."

(Thiago Barros)

17.6.12

Crônica sobre uma tosse inexorável.

Ele tem tido suas piores madrugadas de sono que há muito tempo não tinha – desculpe-me o exagero, são duas semanas no máximo – muitos poderião pensar que ele está somente apaixonado ou que o seu amor não está sendo correspondido, mas, veja bem, ele rezava para que fosse isso mesmo. Na verdade uma tosse vem assolando suas madrugadas de maneira inexorável, o estridente barulho causado no silêncio lhe incomoda tanto, ao ponto de achar que ficaria surdo ou louco. E a sua inquietude misturada com um pouco de compaixão que sente pelos seus vizinhos, vão além da mera dor física e irritação na garganta. Ele pensa consigo mesmo: Coitados dos meus vizinhos que devem estar dormindo essa hora em suas camas aconchegantes e quente, com sua esposa e filhos carinhosos imersos no silêncio da madrugada até ouvirem uma tosse insuportável rasgando o sossego que eles tanto procuravam até conseguirem dormir nos braços dos deuses dos sonos e sonhos. Ele tem visto o dia amanhecer todos os dias, e não é por que ele está deslumbrando e contemplando o crepúsculo, de certa forma, mal consegue se concentrar no espetáculo da natureza que ele tanto ovaciona. O que lhe traz essa insônia é o incomodo da sua tosse; é ela que tira toda sua paz, sua tranquilidade. Infelizmente, ela só lhe ataca na madrugada, no momento silencioso – pelo menos era para ser - que consegue ter. Bom, ele não reza para que melhore, ele se remedia, exercita sua saúde para poder se manter de pé e tentar refletir sobre o momento, pois até na enfermidade o homem tem que se manter saudável e com a sua mente sã, senão enlouquece com o barulho ensurdecedor daquela insuportável tosse maldita que ele vem cultivando por algumas semanas. Creio que seja uma fase, um momento de reabilitação da minha saúde. Visto que, até na saúde a lei da transitoriedade das coisas é aplicável.

(Thiago Barros)

8.6.12

"Viajando Sozinho, na estrada do autoconhecimento".


Destaco trechos de um texto publicado na Revista Hardcore da edição de Janeiro 2011. Onde o escritor retrata a experiência de cair na estrada sózinho, como o próprio retrata: "Não estou apenas sem eletrônicos. Estou sem companhia, sem cartão de crédito, sem mapa, sem planos, sem motivo, sem noção... tudo aquilo que confirmava minha antiga existência foi-se de uma vez." Particularmente, achei contagiante a forma como é descrita essa experiência. Compartilho em parte, algumas idéias. Não sei se tenho forças para romper essas correntes virtuais. Espero um dia conseguir. É como aquele velho samba do Candeia interpretado majestosamente por Cartola: "Deixe-me ir preciso andar, vou por aí a procurar sorrir para não chorar/ Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar, depois que me encontrar". Foi a maneira mais poética que eu já vi, para retratar uma busca pelo autoconhecimento, para evolução enquanto ser humano. Fica esse trecho do texto escrito por Nathan Myers.

“Não Decida”.

           " [...] Dias passam despercebidos. Sem posts no Facebook nem email, talvez nem existam.
O swell desaparece. A maré não se move. A lua desaparece. Jogo pedras na água. Converso com gatos. Parto sem avisar ninguém e sigo rumo aos céus.
            Em algum lugar nas montanhas, bebo café colhido por perto e torrado frente aos meus olhos. Bebo sopa de legumes de uma horta local. Fofoco com velinhas sobre arroz e pipas. Canto karaoquê e leio metade de um romance [...] Quebro nuvens com o pensamento. [...]
            Questiono por que precisava de tudo aquilo que estou sem. Criaturas tão esquisitas e cheias de necessidades. Macacos aficionados com Deus e com tendências suicidas. As pessoas fumaram cigarros por anos antes que alguém lhes dissesse que causa câncer. Mesmo assim, continuaram fumando. Quanto tempo até descobrirmos que nossos celulares causam transtorno de déficit de atenção e redes sociais causam retardo social? Já estão abrindo centros de reabilitação para viciados em internet, o que significa que provavelmente é tarde demais. [...]

“Nunca Chegue”.

            [...] Estou indo para casa quando percebo que não tenho casa. Estou procurando internet quando percebo que não ligo para internet. Estou indo em direção ao mundo quando percebo que o mundo é que está se lançando em minha direção.
É ai que passo no farol vermelho. É aí que o guarda apita. E é aí que acelero pela minha vida e acabo surfando uma onda que nem conhecia. Acho que tudo isso deve significar alguma coisa. Ou não.
            Viajar sozinho é procurar por algo que você já tem. Ao deixar sua vida, você descobre exatamente onde ela está. Perspectiva é um espelho retrovisor. O vento deveria estar soprando, mas não está. O swell geralmente não chega a esse ponto da costa, mas chegou. Eu não deveria estar aqui sozinho, mas estou. Estou morrendo de vontade de contar para alguém sobre a emoção de viajar sozinho... E irei."

(Nathan Myers – Viajando Sozinho, na estrada do autoconhecimento)

8.5.12

Epifania


Bem, lá estava ele novamente entrelaçado pela fumaça que sai do cigarro aceso dentro de um cinzeiro. Há tempo que ele não vinha neste lugar. Por alguns instantes achei que estivesse se esquecido, ou talvez até morrido. Lembrou bem daquela singela sensação fugaz de alívio. Daquela nostalgia que invadia seu corpo e o fazia buscar forças, na mais esquecida inspiração, que elevara o gênio àquele estado de contemplação pura. Por anos ele meditou sobre os passos acelerados daquelas pessoas da cidade, que pela ignorância são iludidas em uma jornada pela busca da felicidade, este estado de espírito tão deturpado pelos apressados. O ruído frenético dos carros que rasgam a barreira do silêncio havia expulsado-o daquele lugar há algum tempo. Não mais sentia o sol. Não mais via a Lua. E das estrelas que sentira falta, irá aguardar sorridente a lua nova trazer de volta aos céus. Hoje a lua cheia alumia a vida. Enquanto observava e pensava nela, sentia seu egoísmo ocupando o céu. Não há espaço para outras estrelas. É a sua festa, seu brilho acima de tudo que está presente. Porém, se o egoísmo para nós é algo a ser considerado de valor negativo, na lua cheia, é traduzido como o momento de iluminação da alameda dos inebriados pelo seu brilho rejuvenescedor. Hoje acompanho a transição lunar deitado na rede da varanda. Aqui é calmo, tranquilo e não há nenhum barulho estridente. Na cidade, as pessoas vivem no extremo limite do estresse e da ânsia de conseguir ser alguém antes mesmo de Ser. Essa incoerência me assusta. Ovaciono minha calmaria e junto dela brindo minha sanidade que me faz sentir eterno. Incorporo na natureza formando um só ser. Dedico minha responsabilidade e meu altruísmo em prol dela. Para o bem estar da minha mente. No entanto, mergulhamos sempre em um paradoxo inexorável até a mente ficar sã. Criamos uma luta em busca da nossa paz interior. Porém, se pensarmos assim, classificaremos a paz como uma consequência do espírito. Contudo, essa não é uma sensação qualitativa, não é uma qualidade de o indivíduo estar em paz com ele mesmo. É um equívoco que cometemos. É só retomarmos ao pensamento de Epicuro e lembrarmos a imperturbabilidade da alma sendo um estado de espírito. Devemos viver e buscar esta Ataraxia.             

            Foi aberta a temporada de caça a felicidade e nessa competição é válido qualquer artifício para obtê-la. Seja ela egoísta, seja ela altruísta ou até mesmo violenta. Qualquer máscara é cabível e no mercado encontramos várias máscaras diferentes, é só escolher. A cidade sempre celebra mais uma conquista que a grande mídia traduz com um malicioso: “Você também consegue!”. Toda essa velocidade avassaladora consome o espírito urbano. Há muito tempo a felicidade deixou de ser um estado de espírito para ser um fim possivelmente alcançável. Todavia, mal sabemos o que é ser feliz, confundimos felicidade com a satisfação pessoal meramente egoísta. Essa é uma doença destruidora para o nosso espírito. A estrada que nos leva à felicidade não tem nada a ver com o que é somente material, ou seja, superficial. Está para, além disso, se encontra na parte mais elevada do espírito. É na elevação do homem em harmonia com a natureza, na dissolução do seu egoísmo que ele consegue vislumbrar a felicidade. Sinto um leve suspiro enervar minha percepção sonora, carregando para longe toda minha concentração. Por um instante, tentei reunir forças para abrir meus olhos como quem tenta ao máximo enxerga o que há no escuro, de certa forma foi uma tentativa infrutífera. A preguiça que dominava meus movimentos deixara tudo em minha periferia distante mais tão distante que não conseguia concatenar nenhuma ação. Notei que havia um sorriso dentro de mim que cativava uma singela euforia. Uma voz calma e delicada dizia ao meu ouvido algo confortante: “Não se preocupe, o mundo é um eterno movimento. O que é já foi e o que vai ser já é”. Que belas palavras, soava como um mantra aos meus ouvidos.     

            Às vezes penso que naquele instante, no qual, sento na escada da varanda e observo o jardim repleto de ipês florescendo cores amarelas, misturando-se com as papoulas em seu tom avermelhado, fazendo um quadro de Monet no meu quintal. E assim observara extasiado como o efeito que essa sintonia de cores proporcionara ao seu estado de espírito, como acalmava suas angústias. Sentira seus pensamentos negativos se dissiparem dentro de si mesmo. Uma sublime sensação estética se espalhara pelo seu campo sensorial enveredado de boas paixões. Conseguiu sentir a filosofia de Spinoza: dizendo que tudo é pensamento em coesão com a natureza. Tudo é possível de ser conhecido, isso que traduz a transformação do homem, nesse processo de conhecimento. Entendo essa filosofia também como uma amplificação da sensibilidade. Somos expressões da natureza. Uma conexão intrínseca que movimenta todos os sentimentos e faz a minha cabeça - quando me repouso para contemplar o jardim - escreve milhões de livros, poesias e contos que somente observando-o consegue fluir. Mas do que adianta todo esse turbilhão de pensamentos passando por minha cabeça se quando são manifestados de maneira linguística, se dissipam espalhando-se no ar com o vento? Quando o pensamento é expresso de maneira verbal literalmente, longe de toda aquela abstração que permeia o próprio pensamento, ele se perde um pouco no caminho labiríntico do expressar. Contudo, a expressão pode ser um conforto, uma redenção para várias situações, na qual, o pensamento aprisionado em nossa mente não consegue resolver, a não ser quando vem dizer: "bom dia ao mundo". O que me agrada de verdade é essa sensação de bem-estar com o universo. A simples arte de contemplar a vida mesmo sendo ela acarretada de sofrimentos que nossa ignorância cobre e disfarça com outras ilusões, estas que não suprime nunca nossa necessidade de viver. O desejo é a contramão da felicidade. Estamos eternamente viciados nesse ciclo existencial. Agora o que me restas é abrir um livro para me desprender da infinitude.


(Thiago Barros)

Entropie/Lysergic/Sunaísthesis


Lá no alto da montanha têm um lindo arco-íris.
Que me faz lembrar o seu olhar
olhando para mim sorrindo.
É hoje e são quase quatro da manhã.
Pinto o céu com o meu olhar.
São tantas cores.
Eu vejo o Sol e Lua no céu.
Iluminando o meu corpo.
Daqui de cima eu enxergo muito mais.
Com outras cores.

Lá no alto da montanha têm um lindo arco-íris.
Que me faz lembrar o seu olhar
contemplando o paraíso.

Minha mente é clara quando transbordo de euforia.
Uma explosão de emoção que contagia.
Sensação gostosa do infinito.
Atravessa meu espírito.
Contamina minha alma.

Lá no alto da montanha têm um lindo arco-íris.
Que me faz lembrar o seu olhar
Alumiando o meu caminho.



Thiago Barros