15.8.12

Um paradoxo sentimental

Enquanto ela ouvia apaixonadamente Muse em seu fone de ouvido.
Ele passeava pelas guitarras melancólicas do Alice in Chains.
De fato, eles são melancólicos.
Ele se aproxima de Alberto Caeiro.
Ela se identifica com Álvaro de Campos.
Seus olhos são oblíquos e ele é um "Badé".
Ele fala "cuxcux". Ela cisma que é "cuzcuz".
O sotaque realmente é algo bem divertido.
Criamos neologismos para facilitar a precária comunicação.
Enquanto ele canaliza sua violência assistindo Quentin Tarantino.
Ela caminha pelos sentimentos de Clint Eastwood.
Gostam também de Woody Allen.
E sentem as vezes a psicodelia de Tim Burton.
Hoje ela lê Augustos dos Anjos.
Ele viaja no mundo de Manoel de Barros.
Ela o chama de comunista. Ele fica irritado.
Ela faz de propósito. Ele sabe!
A Filosofia percorre nas veias dele. A Ciência faz parte da visão de mundo dela.
Conseguiram conciliar essa ideia em momentos memoráveis.
Aquele dia na rede foi inexplicável.
Ela trouxe Richard Dawkins para conversa. Ele apresentou Arthur Schopenhauer.
Casaram algumas ideias. Casaram a felicidade de conciliar pensamentos incríveis.
Um dia ele gostou de Bukowski. Ela acalmou-o com Eça de Queiróz.
Estranho tanto antagonismo. Perceberam que esse é o ingrediente.
Eles não se dão bem, mas, se sentem bem um perto do outro.
Ele demonstra seu carinho apalpando-a.
Ela demonstra puxando seu cabelo e implicando com ele.
Ontem ela gostava de dormir de conchinha. Hoje não sei se gosta mais.
Há contradições em nossas vidas. Aprendemos lhe dar com elas.
Seguimos nossas vidas. Mas, ele ainda sente saudade dela.
Ela ainda sente saudade dele. Ele se expõe. Ela se esconde.
As "Noites Estreladas" de Van Gogh trazem lembranças à ele.
Ela gosta do impressionismo como forma de manifestação artística.
Ele prefere o surrealismo, traz René Magritte como influência.
Contudo, eles uniram o pensamento filosófico-científico.
Uniram todas as oposições e contradições.
Perceberam que os Genes não procuram mais os opostos e sim os semelhantes.
É. Ela é Geneticista e apaixonada por Eugenia. 
Ela acha que ele é um bonobo. Mesmo quando ele age feito um chimpanzé.
Hoje ela ouve no rádio: "blá blá blá eu te amo" e lembra dele.
Ele fica "numa relax, numa tranquila, numa boa" para lembrar-se dela.
São tantas referências que nos perdemos em quem somos.
Na verdade, somos tudo isso, no qual, nos referimos e que faz lembrarmo-nos de nós.
Só para finalizar. Ela acha que é vascaína. Ele é Flamenguista.
Ela gosta de basquete e ele é apaixonado por futebol.
Nossa relação é muito intensa. E uma coisa é verdade, nos conhecemos muito bem!

(Thiago Barros)

1.8.12


"Céu azul. Nuvens rosa. A lua cheia, ainda laranja, surgindo
por detrás das árvores verdes de flores amarelas.
Deslumbro da minha varanda o espetáculo da natureza.
Acompanhado por algumas Norteñas.
E a fumaça para espantar os mosquitos.
Contemplo o empalidecer da lua distanciando-se da terra.
Nuvens brancas. O crepúsculo antecede o escurecer do céu.
Deitado na rede vejo o verde das árvores se despedindo.
Tomando lugar uma cor prateada harmonizada pela lua cheia.
Isso me basta. Sentir a transição das coisas.
Um espectador de uma bela obra de arte.
A Natureza é o que observo diante dos meus olhos.
É o que sinto de mais intenso pulsando dentro de mim.
Não penso nela.
Sinto-a.
Foi o que Alberto Caeiro me ensinou também."

(Thiago Barros)