1.5.08

Alguém para acender meu cigarro?


Está frio, não? - pensa John.
6:00 da manhã o despertador canta... trim trim trim
Seus movimentos ao se levantar são tão lentos. A primeira coisa que John procura é seu maço de cigarro, porém não os encontra, logo sente uma pequena solidão. Será que tem café? - pensa ele. Seu corpo parecia estar congelado. E sua agonia por um cigarro aumentava cada vez mais. Lembrava que tinha comprado um maço de Lucky Strike na noite passada, o único dinheiro que tinha foi para tabacaria, na qual foi adquirido seu cigarro. A bagunça de seu apartamento era tamanha que mal conseguia achar seu casaco na forma de conter o frio. Revirava seu sofá, levantava seu colchão, puxava seu travesseiro pra um lado, lençol para outro.Não conseguia entender o por que disso está acontecendo, tinha prometido pra si mesmo que pararia de fumar a partir do final do inverno passado. Contudo, ele tem uma vaga lembrança de ter ido ao banheiro ontem a noite, pra vomitar, pois, tinha chegado bem ébrio. Correu para o banheiro e abriu todas as gavetas em busca de seu maço. Uma por uma foram se abrindo e nada de o encontrar, suas mãos tremiam, mas não sabia se era de frio ou abstinência. Cada segundo que se passava o frio se tornava mais intenso e mal conseguia controlar suas mãos. A força com que abria as gavetas ia aumentando conforme não ia achando e sua esperança se esgotando, até que na penúltima gaveta ele encontra seu maço um pouco amassado, porém, reluzente. Sua felicidade foi extrema, logo, pegou seu cigarro com suas mãos tremulas. Deixa-o cair no chão umas duas, três vezes antes de pô-lo na boca ressecada do frio. Põem sua mão no bolso a procura de algo para acender, seu desespero aumenta, pois, não encontra nada. Corre até a cozinha, foi o caminho mais demorado de toda sua vida, o som de seus passos era semelhante ao desespero de sua cabeça. Acende o fogão mais o fogo não surge, pois, o gás havia acabado alguns dias atrás. Começa a agressão ao fogão com chutes e socos, a lágrima de raiva e angústia escorre do seu rosto e o desespero aumenta, seu coração acelera. E toda vizinhança acordava com seus gritos desesperadores de dor e solidão:
- POR FAVOR, ALGUÉM PRA ACENDER MEU CIGARRO?
- POR FAVOR, ALGUÉM PRA ACENDER MEU CIGARRO?
Os gritos foram tantos que sua garganta sangrava e sua voz sumia pouco a pouco, porém, ninguém surgia para acender seu cigarro. Seu corpo começava a se estremecer. E sua cabeça parecia que ia explodir, sendo assim ele fecha os olhos e pensa:
Está frio, não?
(thiago)